segunda-feira, 30 de março de 2009


Agora estou assim ao ser privada da minha fidelidade
Choro em voz alta minhas últimas palavras d'uma esperança perdida.
O meu humor é uma violenta rajada de vento;
Forte como uma mistura que atravessa os poros.
Estou sem vontade de perdoar aquele que me privou da vida...
Crepuscula a seqüência -
Uma visão momentânea.
Perecem os intervalos de alegria -
Minha felicidade suprema está perdida!

Terríveis emoções de medo - meu corpo é a terra -
Que agora é destinada a ser abandonada -
Abandonada das energias que a avivam.
E não viverei nem mais um instante?

Em pesaroso silêncio sofro -
Em paz agora descansarei.
Minhas mãos trabalhadoras
Agora descansam.

Eu te tranco, eu amado, em meu coração -
Esconda tua memória em meu santuário íntimo.
Em meus pensamentos tu estarás para sempre -
Como uma querida e preciosa lembrança.

Fui destronado no reino da realidade -
Minhas lágrimas caem como se fossem de ébano
Morrendo - apenas sinto apatia!

quarta-feira, 25 de março de 2009


Escrevo-te em segredo, este poema triste...
São versos doentios que nunca viste!
Amargo soneto mergulhado na dor!
Versos doridos que a morte levou...

Bem sofre em desatino, ó, coração suicida!
Ó anjo caído!...Por acaso, isso é vida?!
A desgraça já me fere o peito enlouquecido!
Do que fui, só resta o espectro esvaecido!

Uma lágrima doentia - do poema -, já sangra!
Vês?!...É o derradeiro óbolo que deposito,
Junto às flores que muito encobrem tua campa!

Pague a Caronte, o barqueiro infernal!
Que conduza tua alma pelo Estige enegrecido!
Ao silêncio da morada sepulcral...

sexta-feira, 20 de março de 2009



Se a voz do meu silêncio se apagasse
Nas tempestades da devastação,
Talvez o meu deserto não sangrasse
Por dentro das brumas da solidão.

Se o tempo voltasse à voz da razão,
Talvez a minha luz regenerasse
As trevas que plantei no coração,
Como se de um sepulcro se tratasse.

Se o destino dos momentos confusos
Me abrisse a voz dos silêncios difusos
Que pairam nas sombras do meu sonhar,

Talvez eu me apagasse no deserto
E as cinzas do meu espírito desperto
Pudessem, finalmente, regressar.

terça-feira, 10 de março de 2009


Desculpa se não vivo à tua imagem,
Se não sigo o teu rumo de vaidade,
Se nem sempre cedo à tua vontade
E cumpro o que ordena a tua voragem.

Desculpa se o meu mundo é de miragem
E se acredito na fidelidade.
Desculpa se me guio pela verdade,
Ainda que despida de coragem.

Desculpa se não creio na loucura
Do teu mundo de dominância obscura
E de momentos inúteis e vãos.

Não sou igual a ti, alma indiferente.
Não quero o teu controle permanente…
Desculpa se não estou nas tuas mãos!

alma e inverno


Soturna como a sombra da loucura,
Sinistra como o espectro da traição,
Minha alma é tempestade de amargura,
Inverno de infinita escuridão.

Sou eco da eterna condenação,
Relâmpago que rasga a noite escura,
Fantasma de eterna desolação,
Gélido deserto de vida obscura.

Ausente como a sombra do passado,
Sou murmúrio de uma alma sem pecado,
Condenada a morrer sem ter abrigo.

Mas, mundo cruel que me condenaste,
Prometo que, pelo mal que me causaste,
Te hei-de levar aos Infernos comigo!

sombra do passado



Por todos os pecados sem sentido
E por todos os sonhos derrotados,
Esqueço todos os encantos quebrados
E esqueço a voz do meu sonhar vencido.

Em nome de um destino destruído,
Deixo os meus sentimentos apagados
No abismo dos anjos abandonados
E dos que morreram sem ter vivido.

Em nome do sonho e da liberdade,
Rejeito a promessa da eternidade
E a glória de uma vida plena e pura.

Que me condene a sombra do passado
Que me prendeu nas trevas do pecado!
Seja a minha pena a minha loucura…

Parei, na sombra de uma noite escura,
Qual fantasma de absurda indignidade
Perante a voz da sinistra loucura
Que parece dominar a vontade.

Sussurravam-me as vozes da verdade
Profecias de mágoa e de amargura,
Mas eu cria que a minha liberdade
Poderia restaurar a ternura.

E eu via, no altar do meu sentimento,
A sombra de um sublime pensamento
Destinado a viver dentro de mim.

E parei, às portas do sonho vão,
Esperando a sombra do meu coração,
Sem ver que esperava apenas o fim

deixa me desistir de ti


Deixa-me desistir de ti
Como num encontro repetido entre penas de mil eras
E traçado em véus de fumos mutilados,
Para esquecer que te dei a alma de todos os meus sonhos
E a força de toda a vontade
Na concretização de uma visão que mão me pertencia.

Será o silêncio a minha promessa,
O vazio como futuro
De quem deixou as asas rasgadas no chão,
E apenas a noite alcançará a minha voz amordaçada
Nos primórdios do poema.

Não sou ninguém…
Nada mais que o pálido reflexo de um espelho estilhaçado,
Um grito no amanhecer
E as lanças dos meus dedos estendem o sangue da derrota
Que estrangula o meu olhar.

Deixa-me, pois, morder as cinzas que ensombram os meus lábios
E morrer dentro da cruz,
Como um corvo em voo de hecatombe
Rasgando os céus da última alvorada,
Um sonho aberto à lâmina dos deserdados,
Um cântico na morte…

Para que vejas a renúncia que floresce nos meus olhos
E me deixes desistir
De mim...
Floresce por dentro da imensidade
Como um sorriso plantado nos olhos do infinito
E revolvido em lágrimas de sangue.

Dorme na minha pele a voz de um grito,
O cântico do abismo adormecido na voz
Da rosa que desfalece por dentro do meu peito.

Fenece no silêncio de um soturno torpor,
Fúnebre pedra tumular de espelhos
Repousando sobre a putrefacção dos séculos…

sexta-feira, 6 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009